TB - TERESA BARATA

View Original

O Resgate da Mulher Madura

Esta semana fiz 59 anos. Sempre adorei fazer anos, e por isso o dia do meu aniversário é normalmente um dia feliz. E este ano assim foi também.

Com a aproximação dos 60 anos tenho observado com atenção as mudanças que acontecem no meu corpo e tenho feito uma grande introspeção sobre o que é para mim envelhecer e como é que isso me faz sentir.

Antes de mais gostava de retirar a conotação negativa que a palavra envelhecer tem. Podemos mudar-lhe o nome e chamar-lhe amadurecer por exemplo. Ou então simplesmente assumir que estamos a envelhecer desde o momento em que nascemos e aceitá-lo de uma forma natural como parte integrante de estarmos vivos.

Confesso que esta «passagem» nem sempre tem sido fácil. Porque envelhecer nesta nossa cultura ocidental pode ser um grande desafio. É comum olhar-se para as pessoas a partir dos 60 ou 70 de uma forma menos positiva, desprezando os sinais do tempo nos seus corpos, e desvalorizando o seu conhecimento e sabedoria. Uma pele enrugada ou um corpo menos tonificado são vistos como algo não desejável.  

Comecei a ficar mais atenta e a olhar com mais cuidado e com outro olhar para mulheres  mais velhas. Wayne Dyer escreveu «When you change the way you look at things, the things you look at change». E assim é realmente. Aos poucos comecei a aprender a ver o outro lado, o lado bom e a beleza de envelhecer. E encontrei toda uma nova maneira de viver e abraçar esta fase das nossas vidas.

Comecei por aprender a aceitar-me como sou e a gostar mais de mim. Encontrei a minha verdadeira essência e gostei do que encontrei. Aprendi a ser mais verdadeira, respeitando aquilo que realmente sou, que faço e que sinto.

E aceitando-me, descobri finalmente que não tenho de agradar a todos à minha volta, basta viver em sintonia com a minha verdade.

Percebi também que quando chegamos a esta fase algumas pessoas saem naturalmente das nossas vidas e que outras entram, outras que tem mais a ver com aquilo que somos neste momento, aquilo que acreditamos e que vivemos. E que tudo isso está certo.

Encontrei uma serenidade maravilhosa, uma calma e uma aceitação que faz com que tudo flua melhor e que me ajuda a dançar com a vida e com aquilo que ela me traz

Aprendi a valorizar cada vez mais as coisas mais simples: uma chávena de chá, um raio de sol, um sorriso, um abraço apertado, uma gargalhada, o cheiro de uma flor, deitar-me na terra a olhar as nuvens, o cheiro a terra num dia de chuva, o arco iris.  A minha vida ficou mais cheia de momentos felizes.

E principalmente aprendi a ver a beleza duma mulher mais velha que está segura de si. Aquela mulher que abraça a sua idade, seja ela qual for aceita as suas rugas como parte de si, liberta-se de padrões que a limitam e com toda a confiança toma o seu lugar no mundo.  E é uma dessas mulheres que eu quero ser, com toda a sua beleza e o seu poder.

Antigamente, nas sociedades pagãs da Grécia e Médio Oriente a mulher mais velha era chamada de crone e era representada por Deusas como por exemplo a Deusa Hecate na mitologia Grega. O arquétipo da mulher crone representa sabedoria, clareza, compaixão e conhecimento.

Pois eu acredito que está na hora de resgatarmos de novo esse arquétipo, e de assumirmos o nosso papel de mulheres nesta terceira fase da vida, aceitando-nos como anciãs, como mulheres sábias e começarmos a fazer a diferença no mundo à nossa volta.